A verdade irrefutável sobre o valor de mercado do PS4.

A verdade irrefutável sobre o valor de mercado do PS4 - créditos ao repórter João Varella - Istoé Dinheiro, que discorreu de forma clara e pacífica sobre os valores aplicados pela empresa japonesa (grifei).

Sony na mira

Por R$ 4 mil, o Playstation 4 vira piada e arranha a imagem da fabricante japonesa no Brasil

O brasileiro é um consumidor de critérios brandos em relação às empresas estrangeiras. Aceita como luxo marcas populares que vêm de fora – e ainda acha o máximo pagar caro por elas. A varejistas GAP, a loja de cosméticos Sephora, a cerveja Budweiser, o automóvel Civic e os óculos Ray-Ban são alguns exemplos de marcas de massa que passam por uma metamorfose e se transformam em produtos premium no Brasil. É uma manifestação da velha síndrome de vira-lata, eternizada pelo escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Mas até mesmo para os brasileiros há um limite. E ele foi quebrado pela japonesa Sony, quando anunciou que seu novo console de videogame, o Playstation 4 (PS4), custará R$ 4 mil. 
 
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PS4 mil: a empolgação gerada pelo CEO da Sony, Andrew House, na apresentação
do console se esvaiu no Brasil com o preço
 
É disparado o mais caro do mundo. O mesmo console custa US$ 400 nos EUA. Meses antes, o CEO da Sony Computer Entertainment of America, Jack Tretton, afirmou ter como meta vender o produto, no Brasil, por um preço similar ao cobrado nos EUA. Ele até que ficou parecido. O detalhe é que tem um zero a mais – e ele não está do lado esquerdo. A reação ao preço cobrado pelo Playstation foi imediata. Os comentários nas redes sociais foram unânimes em rechaçar o produto e fazer piadas. “Depois de ver o preço do Playstation 4, não tenho outra saída: vou ter de começar a fabricar metanfetamina”, escreveu o usuário do Twitter @bolivarescobar, em referência ao seriado americano Breaking Bad, cujo protagonista vende a droga. 
 
“Eles sabiam que a reação seria essa. Talvez eles tentem tirar algum proveito disso em breve”, diz Liliane Ferrari, professora de mídias sociais da Ecommerce School. Para a especialista, remediar essa situação exige delicadeza e bom senso. “Uma empresa nessa situação pode até tentar entrar na onda e fazer piada, mas eles estão lidando com um público apaixonado.” As críticas vieram de todos os lados, inclusive dos parceiros comerciais. O presidente da rede de lojas UZ Games, Marcos Khalil, qualificou o preço do PS4 como inacreditável. “Passamos anos combatendo o mercado cinza, acostumando o jogador a comprar nas lojas brasileiras”, afirma Khalil. 
 
“Não acredito que a Sony vá deixar a situação retroagir dessa forma por aqui.” Com esse preço, a Sony abriu a guarda para o seu principal concorrente, a Microsoft. O Xbox One, da empresa de Bill Gates, custará R$ 2,3 mil no mercado brasileiro, 40% a menos. Barato, não? Nem tanto. Seu preço é também o mais caro do mundo entre todos os países em que a Microsoft comercializa o console. A dona do Windows conseguiu oferecer seu produto por praticamente a metade do preço cobrado pela Sony em razão da fabricação em Manaus. A Sony, que neste ano passou a montar no Brasil a versão anterior do aparelho, o Playstation 3, vai trazer o PS4 da China. 
 
O preço salgado do equipamento, acreditam alguns analistas ouvidos por DINHEIRO, poderia ser uma forma de valorizar o investimento. Outra hipótese é relacionada com rumores de dificuldade da Sony de conseguir fabricar o videogame – a empresa estaria trazendo poucas unidades ao País para atender primeiro outros mercados. Procurada, a Sony não concedeu entrevista. A resposta da empresa japonesa foi dada por Mark Stanley, seu diretor para a América Latina, no blog oficial, explicando a estrutura de custos. No texto, Stanley relata que o preço do aparelho seria R$ 4.257 – a Sony estaria dando um desconto de 6,5% para amenizar o impacto aos consumidores. 
 
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Baratinho?: o preço do Xbox One do Brasil é de R$ 2,3 mil. Perto do PS4,
parece barato. Mas é também o mais caro do mundo
 
Do preço final, R$ 2.524 (63%) seriam de impostos. A Sony, porém, partiu do preço de US$ 400, como se estivesse comprando o seu próprio produto em uma loja estrangeira. A pedido da reportagem de DINHEIRO, a consultoria de contabilidade e auditoria Devout calculou com base no custo de US$ 400 e chegou à conclusão de que o console custaria R$ 3.943 ao consumidor final, pagando todos os impostos. Esse cálculo não inclui a margem de lucro, o que corrobora a tese da Sony. “O governo brasileiro considera produtos eletrônicos como supérfluos, por isso pesa a mão nas taxas dos games”, disse à DINHEIRO João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. 
 
Mesmo com toda essa explicação, a barra não aliviou para a Sony. Durante a Brasil Game Show, o maior evento de games da América Latina, que aconteceu no fim de outubro, Stanley mais uma vez justificou o preço do PS4 no Brasil em razão da alta carga tributária brasileira. “A Sony trabalhará muito para tornar o videogame acessível a todos os jogadores brasileiros”, disse ele, na ocasião. O discurso provocou uma nova saraivada de críticas, pois o público local tinha a expectativa de um anúncio de queda no preço. 
 
“A Sony tem que ouvir seu público e agir como a Microsoft no lançamento do Xbox One”, afirma Mauro Berimbau, coordenador do GameLab, centro de estudos em games da ESPM. Berimbau faz referência ao desastroso anúncio feito no primeiro semestre deste ano, no qual o Xbox One não aceitaria jogos usados e necessitaria estar conectado à internet o tempo todo. “Os diretores da Microsoft titubearam, deram declarações vagas que só irritaram os fãs”, diz Berimbau. “A solução foi um recuo indiscutível.” Uma saída poderia ser a política adotada pela Nintendo no lançamento do 3DS. 
 
Alguns meses depois da estreia do console portátil, a japonesa cortou um terço do preço do aparelho. Os consumidores que compraram antes da redução ganharam jogos gratuitos para baixar. “Temos confiança em fazer do PS4 um sucesso instantâneo”, disse Andrew House, CEO da Sony Computer Entertainment. O PS4 será lançado no Brasil no dia 29 de novembro. Há tempo para a Sony evitar mais uma onda de protestos e dar uma polida na sua imagem, por mais que seus argumentos tenham alguma sustentação nos números. Vencer a guerra da percepção junto aos consumidores, após os primeiros combates desastrosos, é o grande desafio da potência japonesa.
 
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